Nunca fiz faculdade.
Com 18 anos, quando estava cursando o último ano do 2º grau no Colégio Brasileiro de Almeida (quase boate) no Rio de Janeiro, fundei a minha primeira empresa em sociedade com a prima Andréa, da mesma idade, e abandonei os estudos. Sem nenhum remorso.
Fomos auto didatas, e nossa empresa de moda, a Cores Vivas, contra todas as estatísticas que indicam que 90% das empresas no Brasil morrem antes de completar 1 ano de vida, durou 8 anos e fez história em Ipanema.
Cores Vivas no Editorial da Revista Cláudia 1982
Mas sempre foi meio difícil explicar isso, principalmente para os filhos, porque sempre fui uma mãe bem durona com cobranças de escola...tanto Zé (hoje economista), quanto João, tiveram mãe do tipo que vai na escola, acompanha os deveres e as matérias, ajuda a fazer trabalhos, e por ai vai.
Em Novembro passado fiz o primeiro vestibular da minha vida, para Economia na UFAC.
Uma idéia que me rondava há anos, porque reconheço que muitas vezes senti falta de formação e técnicas que poderiam ter me ajudado em momentos estratégicos em que tive que ralar MUITO para decifrar os códigos do negócio por minha própria conta, na marra.
Também achava que a teoria, aliada a minha experiência prática, poderia ser um diferencial no meu currículo.
Mas além de tudo, meu objetivo era mesmo estudar, ir mais fundo nas questões que me inquietam, que desde que entrei nesta floresta, desafiam a minha capacidade de solucionar e de responder minimamente à altura das expectativas e sonhos que temos de contribuir para melhoria de qualidade de vida nas comunidades da Amazônia.
Não me preparei muito. Mexi mais com papéis e burocracia, recuperei meu histórico escolar, fui saber se haveria possibilidade de concluir o antigo 2º grau e atual Ensino Médio em tempo e tal...
E fiz as provas.
Sou casada com um doutor e os filhos são excelentes alunos, dois cabeçudos. E eu sempre fui um pouco motivo de chacota na família, aquela que se fosse presa não teria nem cela especial...Praticamente analfabeta...(que nem o Lula pro Caetano...)
Por isso ninguém levou muita fé no meu vestibular, mesmo quando eu disse que tinha me dado bem nas provas.
De fato fiquei MUITO nervosa no segundo dia, na Prova de Redação em que o tema era "Cadeias Produtivas na Amazônia" e eu não sabia como colocar em 40 linhas o que sabia sobre o assunto.
Depois de suar muito e sofrer por uns 20 preciosos minutos, resolvi fazer minha dissertação partindo da narrativa da minha experiencia pessoal, como empresária que trabalha há 19 anos com o tema proposto.
Pois bem, para encurtar a conversa, quando saiu o resultado da 1ª Etapa, João Manuel me ligou aos berros porque estava vendo na Internet, na casa de um amiguinho, que eu tinha ficado em 3º lugar na classificação geral da Economia.
Vibramos! Fiquei entusiasmada e logo me imaginei na vida acadêmica.
Mas não aconteceu assim.
Duas semanas depois, às vesperas da viagem para Copenhague, quando saiu o resultado da 2ª Etapa com a correção das Provas de Redação, constatamos que eu tinha sido ELIMINADA, com 2 notas ZERO na redação...
Fiquei chapada. Não vou dizer aqui que sei escrever porque quem pode estar lendo meu blog pode fazer sua própria avaliação. Eu não conseguia entender...
Mas o fato é que mesmo depois de entrarmos com recurso pedindo reavaliacão e tudo mais, acabo de saber que este foi o meu resultado no Vestibular: ELIMINADA!
Minha experiência não conta NADA para a vida acadêmica..
Em 1 linha os avaliadores disseram que a redação não é "dissertativa", mas sim "narrativa", por isso a Nota 0, que pelo regulamento do vestibular elimina automaticamnete qualquer aluno.
Não sei ainda se desisti ou se vou tentar novamente.
Mas por enquanto, o mundo está perdendo uma economista.
Agradeço ao Marcelo (o marido doutor) e ao Dr. Marcel Bezerra Chaves, meu querido amigo e advogado, que intercederam por mim enquanto eu estava em Copenhague e tudo isso aconteceu.
E a vida segue.